quarta-feira, 3 de abril de 2013

Não?!

De tudo o que eu preciso, acho que o que eu preciso mais é de tranquilidade.
Tranquilidade para ser eu. 
Sem precisar acompanhar o ritmo do mundo, o respirar da humanidade, a marcha pra um destino (in)certo.
Queria mesmo poder jantar chocolate e conversar com um amigo de verdade e me sentir curada. 
Só me sinto melhor, o que já é muito em alguns dias.
Observando a confiança alheia, entendi brevemente o que sempre procurei.
Fico feliz em saber que ao menos existe!



quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Amor à primeira vista



Ambos estão certos
de que uma paixão súbita os uniu.

É bela essa certeza,
mas é ainda mais bela a incerteza.

Acham que por não terem se encontrado antes
nunca havia se passado nada entre eles.
Mas e as ruas, escadas, corredores
nos quais há muito talvez se tenham cruzado?

Queria lhes perguntar,
se não se lembram -
numa porta giratória talvez
algum dia face a face?
um “desculpe” em meio à multidão?
uma voz que diz “é engano” ao telefone?
- mas conheço a resposta.
Não, não se lembram.

Muito os espantaria saber
que já faz tempo
o acaso brincava com eles.

Ainda não de todo preparado
para se transformar no seu destino
juntava-os e os separava
barrava-lhes o caminho
e abafando o riso
sumia de cena.

Houve marcas, sinais,
que importa se ilegíveis.
Quem sabe três anos atrás
ou terça-feira passada
uma certa folhinha voou
de um ombro ao outro?
Algo foi perdido e recolhido.
Quem sabe se não foi uma bola
nos arbustos da infância?

Houve maçanetas e campainhas
onde a seu tempo
um toque se sobrepunha ao outro.
As malas lado a lado no bagageiro.
Quem sabe numa noite o mesmo sonho
que logo ao despertar se esvaneceu.

Porque afinal cada começo
é só continuação
e o livro dos eventos
está sempre aberto no meio.


Wislawa Szymborska

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Falta do preciso

E se eu tivesse levado uma surra de paulada, essa dor no corpo seria justificada. Uma tosse seca se apodera de mim, e alguns séculos atrás, com certeza já estaria com fortes suspeitas de tuberculose. Me remediam, tentam me motivar, das vezes até me alegrar. Tudo em vão.
A três dias Einstein em uma velha camiseta (presente de um amigo querido) não sai do meu corpo. Em dias frios é acompanhado por uma calça xadrez, hoje por um short salmão. As extremidades estão sempre frias, e incomodas. O barulho da TV me irrita. As receitas de Natal, que já começaram a aparecer, muito mais!
A falta do preciso cresce na medida que a felicidade, antes tão presente, diminui.
O medo também cresce, mas em dias como hoje, não é motivador.
Me sinto no olho do furacão. Queria ajuda, mas pedir pra quem?! A maioria não entende, não quer entender ou quando escuta, quer resolver com as mais ralas ideias. Não adianta. Nada adianta.

sábado, 17 de novembro de 2012

Pulmões contraídos

E mais um vez o dia só começa depois da hora do almoço, e com aquela sensação de ponto de interrogação. Não, eu já não sinto mais o gosto de chocolate na boca, nem  tento respirar embaixo d'água. Mas é como se eu acordasse de chapéu.
Se pensarmos na história de vida de cada um como um risco de giz, o meu risco é absurdamente fino hoje.
Acho que com o acúmulo de tudo desde agosto, com a iminência da explosão de um fogo de artifício, com o reencontro e desencontro de almas. A fragilidade vibra com isso.
Falling Down   nunca fez tanto sentido e  Ad Ora Incerta e sua criadora me fizeram pensar. Eu gosto do que me faz pensar. Do que implanta uma semente de reverberação.
O entre, assim como o risco, é tão fraco que tenho medo que desapareça.

Nada me acalenta.